De acordo com Skliar (1999), os Estudos Surdos, que defendem uma Pedagogia Surda, se constituem enquanto um programa de pesquisa em educação, onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas, são focalizados e entendidos a partir da diferença, a partir do seu reconhecimento político. Nessa perspectiva, o surdo é reconhecido como um sujeito completo e não como um sujeito deficiente, a quem falta algo. Ainda que não seja desconsiderada a ausência ou deficiência do sentido da audição, a Pedagogia Surda não valoriza aquilo que falta, mas a cultura visual dos surdos em suas práticas. No entanto, durante muitos anos, houve a tentativa de normalizar os surdos com práticas oralistas que tentaram aproximá-los dos ouvintes. Mas essa tentativa sofreu resistência por parte do povo surdo, que lutou pelo reconhecimento de sua língua própria, a Língua de Sinais.
Porém, ainda hoje, no ambiente escolar, o surdo sofre por apresentar uma escrita “estrangeira” quando escreve em português já que, em muitos casos, é influenciada pela estrutura da Língua de Sinais. Em muitos casos, quando o professor não entende sua escrita, o aluno surdo pode sofrer preconceito, recebendo até mesmo rótulos relativos à falta de interesse, bem como, alguns professores enfatizam que os alunos surdos possuem dificuldades de aprendizagem etc.
Quando o professor ouvinte sabe Língua de Sinais, pode comunicar-se de maneira satisfatória com seu aluno surdo. Porém, quando o professor também é surdo, além da mesma comunicação, ambos possuem identidade surda, o que contribui para uma harmonia ainda melhor entre professor-aluno. Nesses casos, a sala de aula passa a ser um lugar de ricas trocas de conhecimentos entre ambos, as quais ocorrem de forma natural, além de o aluno encontrar na figura do professor um modelo de adulto surdo. A presença do professor surdo em sala de aula recebe ainda maior importância quando, muitas vezes, em suas casas, os alunos surdos não possuem uma boa comunicação com sua família devido à barreira da língua. O professor surdo, além de um líder para o aluno surdo, representa uma perspectiva para o seu próprio futuro. Por essa razão, muitos educadores hoje defendem a educação bilíngüe e a importância de que as crianças surdas iniciem sua escolarização junto a outros colegas surdos e com professores que saibam a língua de sinais, preferencialmente surdos, pois além de usuários naturais da língua de sinais, eles são referenciais significativos para a constituição de identidades que se reconheçam como diferentes, não como deficientes e inferiores aos ouvintes.
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