Pesquisas sobre as línguas de
sinais vêm mostrando que estas línguas são comparáveis em
complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Estas
línguas expressam idéias sutis, complexas e abstratas. Os seus
usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de
esportes, trabalho, moda e utilizá-la com função estética para
fazer poesias, estórias, teatro e humor.
Como
toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com
novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta à
mudanças culturais e tecnológicas.
As
línguas de sinais não são universal, cada língua de sinais tem
sua própria estrutura gramatical Assim, como as pessoas ouvintes em
países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas
surdas por toda parte do mundo, que estão inseridos em “Culturas
Surdas”, possuem suas próprias línguas, existindo portanto muitas
línguas de sinais diferentes, como: Língua de Sinais Francesa,
Chilena, Portuguesa, Americana, Argentina, Venezuelana, Peruana,
Portuguesa, Inglesa, Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa,
Urubus-Kaapor, citando apenas algumas. Estas línguas são diferentes
uma das outras e independem das línguas orais-auditivas utilizadas
nesses e em outros países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem
a mesma língua oficial, o português, mas as línguas de sinais
destes países são diferentes, o mesmo acontece com os Estados
Unidos e a Inglaterra, entre outros. Também pode acontecer que uma
mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o
caso da língua de sinais americana que é usada pelos surdos dos
Estados Unidos e do Canadá.
Embora,
surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se mais
rapidamente uns com os outros, fato que não ocorre entre falantes de
línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior para um
entendimento. Isso se deve à capacidade que as pessoas surdas têm
em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas para a comunicação
e estarem atentos as expressões faciais e corporais das pessoas.
A
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua de sinais
utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil onde existem
comunidades surdas, mas além dela, há registros de uma outra língua
de sinais que é utilizada pelos índios Urubus-Kaapor na Floresta
Amazônica.
A
LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade
gestual-visual porque utiliza, como canal ou meio de comunicação,
movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela
visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, que é uma língua
de modalidade oral-auditiva por utilizar, como canal ou meio de
comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos.
Mas as diferenças não estão somente na utilização de canais
diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua.
Embora
com as diferenças peculiares a cada língua, todas as línguas
possuem algumas semelhanças que a identificam como língua e não
linguagem como, por exemplo, a linguagem das abelhas, dos golfinhos,
dos macacos, enfim, a comunicação dos animais.
Uma
semelhança entre as línguas é que todas são estruturadas a partir
de unidades mínimas que formam unidades mais complexas, ou seja,
todas possuem os seguintes níveis lingüísticos: o fonológico, o
morfológico, o sintático, o semântico e o pragmático.
No
nível fonológico, as línguas são formadas de fonemas. Os fonemas
só têm valor contrastivo, não têm significado mas, a partir das
regras de cada língua, se combinam para formar os morfemas e estes
as palavras.
Na
língua portuguesa, os fonemas I m I I n I I s I I a I I e I I i I
podem se combinar e formar a palavra I meninas I.
No
nível morfológico, esta palavra é formada pelos morfemas {menin-}
{-a} {-s}. Diferentemente dos fonemas, cada um destes morfemas tem um
significado: {menin-} é o radical desta palavra e significa
“criança”, o morfema {-a} significa “gênero feminino” e o
morfema {-s} significa “plural”.
No
nível sintático, esta palavra pode se combinar com outras para
formar a frase, que precisa ter um sentido em coerência com o
significado das palavras em um contexto, o que corresponde aos níveis
semântico (significado) e pragmático (sentido no contexto: onde
está sendo usada) respectivamente.
Outra
semelhança entre as línguas é que os usuários de qualquer língua
podem expressar seus pensamentos diferentemente por isso uma pessoa
que fala uma determinada língua a utiliza de acordo com o contexto:
o modo de se falar com um amigo não é igual ao de se falar com uma
pessoa estranha. Isso é o que se chama de registro. Quando se
aprende uma língua está aprendendo também a utilizá-la a partir
do contexto.
Outra
semelhança também é que todas as línguas possuem diferenças
quanto ao seu uso em relação à região, ao grupo social, à faixa
etária e ao sexo. O ensino oficial de uma língua sempre trabalha
com a norma culta, a norma padrão, que é utilizada na forma escrita
e falada e sempre toma alguma região e um grupo social como padrão.
Ao
se atribuir às línguas de sinais o status de língua é porque
elas, embora sendo de modalidade diferente, possuem também estas
características em relação às diferenças regionais,
sócio-culturais, entre outras, e em relação às suas estruturas
que também são compostas pelos níveis descritos acima.
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